Divido-me em duas, e me pergunto: como será a vida do outro lado?
Nos ensinaram que devemos sempre nos colocar no lugar dos outros; mas como se colocar no seu próprio, quando se está fragmentado?
Divido-me em três, e refugo: três é demais, mamãe dizia, três é demais.
Volto-me às duas que era antes. Continuo sem entender-me do outro lado. A outra de mim, do lado de lá, tampouco me compreende.
Nós não conversamos, nós não expomos pontos de vista por longas e extensas horas em conversas reais e/ou virtuais, nós não sentimos nossos cheiros, nós não nos dizemos ‘bom dia, espelho espelho meu’, de forma alguma nos tocamos.
Mas nos encaramos, curiosas, intrigadas, entregues.
Como será que está meu coração do outro lado?