24 de maio de 2011

People aways leave

Lindos dias se estenderam de março até abril. Ele estava com ela, e ela inteiramente com ele.
Ela foi perfeita em tudo.
Mas ele foi embora.

Ele foi embora sem sequer fechar a porta.
Talvez, ele deixara a porta aberta para poder voltar um dia. Ou, apenas para olhar para trás.
Mas, na verdade, ele deixou a porta aberta para ela ir embora também.
Não para ir à procura dele.

Ele sabe que ela não nascera para ficar presa.
Ele só não sabia que para ela, ficar presa à ele seria um "sacrifício" que ela faria com satisfação.

( Fujo, sempre fujo. Mas porque raios eu insisto em voltar para o mesmo, mesmíssimo lugar? )

3 de maio de 2011

Bons tempos

De uns tempos para cá tenho sentido necessidade da reclusão. Passo dias sem sair de casa. Penso, leio, bebo, estudo, falo sozinha, e as vezes faço absolutamente nada.
Esforço-me para não sentir culpa pelo ócio, e é uma delícia quando dá certo, mas em geral os momentos vazios são interrompidos muito antes do que eu gostaria.
Quero sentir as alegrias essenciais que outrora formavam a base do meu dia-a-dia. O bate-estaca do mundo não me motiva. Só tem graça o que mexe nas minhas profundezas, ou então, que fique tudo calmo.

O que eu disse? Calmaria?
Não existe disso comigo não.

Se tudo estiver bem, me enfio numa ONG pela preservação dos Chimpanzés na Malásia, arranjo um bando de crianças para acompanhar ao Butão, ou mergulho em uma seita esotérica de descendentes do povo inca. No entanto, mesmo as voltas com experiências insólitas, o que ocorre nesses períodos mais estáveis é que ao longo deles dá-se uma espécie de destrinchamento daquilo que aconteceu nos anos de ebulição - que podem ser alegres ou tristes, não importa, são densos.

Cold

Vou lhe dizer porque gosto do frio: porque no frio, esses dias infinitamente tristes nos quais o dia está repleto de branco e chove muito, você consegue mergulhar numa xícara de chá, olhar pela janela e pensar que sua tristeza é poética, que sua solidão não é existencial, que a sua dor (física) vai diminuir com o calor do líquido, que a sua outra dor é um potencial criativo, que a chuva lá fora é mudança, que esperar o ônibus não é tão ruim assim.



No frio, a gente se engana mais fácil - é só jogar um cobertor por cima.