De uns tempos para cá tenho sentido necessidade da reclusão. Passo dias sem sair de casa. Penso, leio, bebo, estudo, falo sozinha, e as vezes faço absolutamente nada.
Esforço-me para não sentir culpa pelo ócio, e é uma delícia quando dá certo, mas em geral os momentos vazios são interrompidos muito antes do que eu gostaria.
Quero sentir as alegrias essenciais que outrora formavam a base do meu dia-a-dia. O bate-estaca do mundo não me motiva. Só tem graça o que mexe nas minhas profundezas, ou então, que fique tudo calmo.
O que eu disse? Calmaria?
Não existe disso comigo não.
Se tudo estiver bem, me enfio numa ONG pela preservação dos Chimpanzés na Malásia, arranjo um bando de crianças para acompanhar ao Butão, ou mergulho em uma seita esotérica de descendentes do povo inca. No entanto, mesmo as voltas com experiências insólitas, o que ocorre nesses períodos mais estáveis é que ao longo deles dá-se uma espécie de destrinchamento daquilo que aconteceu nos anos de ebulição - que podem ser alegres ou tristes, não importa, são densos.