Vou lhe dizer porque gosto do frio: porque no frio, esses dias infinitamente tristes nos quais o dia está repleto de branco e chove muito, você consegue mergulhar numa xícara de chá, olhar pela janela e pensar que sua tristeza é poética, que sua solidão não é existencial, que a sua dor (física) vai diminuir com o calor do líquido, que a sua outra dor é um potencial criativo, que a chuva lá fora é mudança, que esperar o ônibus não é tão ruim assim.
No frio, a gente se engana mais fácil - é só jogar um cobertor por cima.