21 de junho de 2011

Amor louco

Eu me lembro desse amor louco. Desse amor cujo hálito fede a cigarro e bebida. A conhaque, muito vinho, todos aqueles entorpecentes, e sexo. Aquele sexo sujo, aquela trepada ridícula, idiota, chegava a ser idiota, porque no fim da noite, só sobrava porra entre as minhas pernas.



Mas eu me lembro que esse amor disfarçava toda essa baixeza com versos bonitos, dizendo daquela intensidade LOUCA, que varria da mente qualquer outra coisa, daquela OBCESSÃO incessante que não solta, não solta e meu deus, como eu precisei me soltar à força, à tapa, ainda que literalmente, ainda que tenha doído muito mais.


Esse amor sujo é aquele que queima rápido, explode, embriaga, te tira de você mesmo - mas ele definha, entra em coma, agoniza até que morra, em meio a todos aqueles dramas que lhe são sintomas ou características ou seja lá o que for.

E não sobra nada.

Nenhum cheiro, nenhuma voz, nenhum carinho, nenhum cabelo, nenhuma maciez, nenhuma doçura, nenhum discurso, nenhuma música, nenhuma gota de suor, só sobra a porra entre as pernas e o ventre gasto e exausto e - ainda bem - vazio.


Eu me lembro desse amor e as minhas orelhas vão pra trás e as garras saltam pra fora das patas. Eu me lembro desse amor e fico arisca. Eu me lembro desse amor e eu rosno mesmo. De nojo, de arrependimento, de repulsa, de raiva - de mim, por toda anulação - das ilusões, ahhh os dentes trincam quando me permito lembrar das ilusões.



Mas então eu olho em volta: agora, as coisas fluem em um tempo que me acompanha gentilmente, na velocidade tão rápida-lenta-precisa como a de uma pluma, que eu jogo e pego novamente em minhas mãos. Não acredito mais em durações, mas afinal… que seja ao menos do tamanho das duas vontades.