24 de novembro de 2011

Futuro

Gargalhadas, daquelas que o estômago dói, que você chora e perde o ar, são raras. Só algumas pessoas são capazes de me fazer rir desse jeito, e no último um mês e meio eu tive o prazer de rir freneticamente quase todos os dias proletários da semana.

Hoje o meu sorriso pediu demissão, mas está tudo bem.

O futuro é sempre melhor.



(vai que vai, Valentino)

3 de novembro de 2011

O (fim) meio

O palhaço volta pra casa de madrugada pelo canto da calçada, devagarinho, pra ninguém ouvir.
Com o estômago cheio de comprimidos e tristeza e as roupas desbotadas, a costura arrebentada - cedendo.
Ele está cedendo.
E faz uma prece sem crer, troca as palavras, engole a língua.
Sem peruca assim parece mortal. Como um passarinho velho e molhado. Encolhido e feio.
Desfigurado. Desgraçado.
Auto-irônia.
Preferia ter sido pintor. Mas não foi.
E já foi. Se fodeu, Seu Palhaço.
Acabou seu tempo.
Adeus.

Porque você não gritou quando ainda tinha voz, hein?
Agora morra em silêncio. E sozinho. E aqui.


-Eu nunca te (me) amei mesmo.

Mastigar e cuspir de volta

Cansei das minhas palavras gastas.
De mim tão redundante.
Dessa cópia barata de mim mesma reproduzida um milhão de vezes igual igual e de novo...

Não sei.

É só que parece que não consigo mais escrever as coisas.


Talvez seja só o frio.


Espero que não seja apatia à vida. Tudo, menos apatia.
Morro de medo de perder a capacidade de contemplação.

Parece que algo já se perdeu. Talvez tenha sido a sorte.
Mala suerte.

(Queria deitar de novo no seu colo. Sentir seu cheiro. Cheiro de frio. Cheiro de Campos... e dormir em paz)